A Bullish, originada da EOS, está oficialmente se preparando para listar suas ações na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

7/25/2025, 11:50:39 AM
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Blockchain
Este artigo apresenta o histórico sólido da Bullish, destacando sua relação com a Block.one, as fontes de seu capital inicial e sua estratégia de posicionamento no mercado de criptomoedas.

Em 19 de julho de 2025, a CNBC informou que a Bullish registrou oficialmente seu pedido de IPO junto à SEC dos Estados Unidos e planeja abrir capital na Bolsa de Nova York sob o código “BLSH”. Com essa decisão, a Bullish se une a Circle e Coinbase como mais uma empresa cripto que mira os mercados acionários norte-americanos.

O prospecto mostra que, até o primeiro trimestre de 2025, o volume acumulado de negociações da Bullish alcançou US$ 1,25 trilhão, com média diária superior a US$ 2,5 bilhões no período. Em Bitcoin, o volume registrado atingiu US$ 108,6 bilhões, um crescimento de 36% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Ainda que a Bullish não seja um nome amplamente conhecido no segmento altamente lucrativo das exchanges centralizadas (CEX), sua trajetória é de destaque.

Em 2018, a EOS ganhou notoriedade como potencial “Ethereum killer”. Sua controladora, a Block.one, surfou o entusiasmo do mercado para realizar o maior e mais longo ICO da história, levantando impressionantes US$ 4,2 bilhões.

Com a perda de interesse na EOS, a Block.one mudou sua rota e lançou a Bullish — uma plataforma cripto orientada à conformidade regulatória, mirando o mercado financeiro tradicional. Essa mudança fez com que a comunidade EOS praticamente excluísse a Block.one.

A Bullish foi lançada oficialmente em julho de 2021, contando com US$ 100 milhões em caixa da Block.one, 164.000 bitcoins (cerca de US$ 9,7 bilhões na época) e 20 milhões de tokens EOS. Investidores externos aportaram mais US$ 300 milhões, incluindo nomes como Peter Thiel (cofundador do PayPal), Alan Howard (gestor de hedge funds) e o investidor cripto Mike Novogratz.

Bullish: Foco em Conformidade, Alinhamento com Circle, Distância da Tether

A Bullish sempre teve a conformidade regulatória como prioridade desde sua fundação, colocando-a acima do crescimento a qualquer custo.

O objetivo da empresa nunca foi simplesmente maximizar lucros no mercado cripto. A Bullish quer se consolidar como uma exchange “legítima” e listada publicamente.

Ainda antes de operar, a Bullish negociou com a Far Peak, uma companhia listada em bolsa, a aquisição de 9% por US$ 840 milhões e uma fusão avaliada em US$ 2,5 bilhões. A estratégia era utilizar um processo de listagem reversa e evitar obstáculos típicos do IPO convencional.

Na ocasião, a mídia estimava o valor da Bullish em US$ 9 bilhões.

O ex-presidente da Far Peak, Thomas Farley, que hoje está à frente da Bullish, trouxe uma bagagem sólida em compliance. Ele foi COO e presidente da Bolsa de Nova York, construiu um currículo de destaque e formou uma rede de relações com executivos de Wall Street, CEOs e investidores institucionais. Tem, ainda, vasta experiência no ambiente regulatório e nos mercados de capitais.

Dentre os investimentos e aquisições promovidos por Farley destacam-se alguns dos principais projetos da criptoeconomia: o protocolo de staking de Bitcoin Babylon, o ether.fi, voltado para restaking, e o portal CoinDesk.

Na essência, a Bullish é a exchange que mais ambiciona se tornar referência entre os grandes atores de Wall Street.

No entanto, essa busca esbarrou em desafios práticos. Cumprir todos os requisitos regulatórios foi mais difícil do que o previsto.

Com o endurecimento das regras nos EUA, a fusão/listagem planejada fracassou em 2022, comprometendo o cronograma inicial de 18 meses para o IPO. A empresa chegou a considerar a aquisição da FTX para crescer rapidamente, mas o negócio não foi adiante. A Bullish, então, buscou alternativas em conformidade e passou a olhar para oportunidades na Ásia e Europa.


Bullish durante a conferência Consensus, em Hong Kong

No início deste ano, a Bullish obteve as licenças Tipo 1 (negociação de valores mobiliários), Tipo 7 (serviços de negociação automatizada) e de plataforma de negociação de ativos virtuais da Comissão de Valores Mobiliários e Futuros de Hong Kong. Também conquistou, junto à BaFin da Alemanha, as licenças necessárias para negociação e custódia de criptoativos.

Atualmente, a Bullish conta com cerca de 260 colaboradores em todo o mundo — mais da metade deles baseados em Hong Kong; os demais distribuídos entre Singapura, EUA e Gibraltar.

A estratégia de compliance da Bullish também se reflete em sua preferência pelo USDC (Circle) em vez do USDT (Tether).

No ecossistema Bullish, os principais pares de negociação com stablecoins envolvem USDC, não USDT — mesmo que o USDT tenha maior circulação e histórico. Isso demonstra o firme compromisso da Bullish com alinhamento regulatório.

Nos últimos anos, o USDT enfrentou crescente escrutínio da SEC nos EUA, perdendo espaço no mercado. Já o USDC — fruto de parceria entre Circle e Coinbase — abriu capital com sucesso, sendo reconhecido como “a primeira stablecoin listada em bolsa” e alcançando ótimo desempenho. O perfil transparente e a compatibilidade regulatória do USDC sustentam seu crescimento de volume negociado.

Segundo o relatório mais recente da Kaiko, o volume negociado de USDC em exchanges centralizadas disparou em 2024, atingindo US$ 38 bilhões em março — bem acima da média mensal de US$ 8 bilhões em 2023. Bullish e Bybit são, juntas, responsáveis por aproximadamente 60% desse volume.

Bullish e EOS: Ruptura, Rebranding e Nova Identidade

Se fosse preciso definir a relação entre Bullish e EOS em uma palavra, seria “ex versus novo amor”.

Após repercussão do pedido confidencial de IPO da Bullish, o token A (antiga EOS) subiu 17%. Entretanto, desde que a Block.one abandonou a EOS para apostar na Bullish, a relação entre a comunidade EOS e a Bullish ficou bastante tensa.

Em 2017, as blockchains públicas viviam uma fase de expansão. A Block.one publicou o white paper da EOS, promovendo uma “superchain de um milhão de transações por segundo e zero taxas”, atraindo investidores de todo o globo. Em um ano, a EOS arrecadou US$ 4,2 bilhões via ICO — novo recorde do setor e símbolo do sonho Ethereum killer.

No entanto, o sonho se desfez rapidamente. Após o lançamento do mainnet, usuários perceberam que a tecnologia não era tão robusta quanto prometido. Transferências livres de tarifas exigiam staking de CPU e RAM — um processo complexo, com curva de aprendizado elevada. As eleições de nós rapidamente passaram a ser dominadas por grandes investidores e exchanges, gerando suspeitas de compra de votos e conluio.

O que acelerou o declínio da EOS, porém, não foi apenas a tecnologia, mas a gestão dos recursos pela Block.one.

A Block.one inicialmente prometeu investir US$ 1 bilhão no ecossistema EOS. Na prática, fez o inverso: comprou títulos do Tesouro americano, acumulou 160.000 BTC, apostou em empreitadas malsucedidas como Voice, especulou em ações e domínios, e investiu pouco no suporte aos desenvolvedores da EOS.

Internamente, a Block.one era rigidamente controlada pelo fundador BB e seu círculo mais próximo, funcionando praticamente como uma “empresa de família”. Após a saída de BM em 2020, Block.one e EOS passaram a trilhar caminhos separados.

O lançamento da Bullish foi o golpe final para a comunidade EOS.


BB, fundador da Block.one

Em 2021, a Block.one anunciou a Bullish, destacando investimento de US$ 10 bilhões de grandes nomes como Peter Thiel (PayPal) e Mike Novogratz (Wall Street). A Bullish chegou ao mercado como ponte institucional para cripto, totalmente alinhada à regulação.

No entanto, a Bullish praticamente não compartilha tecnologia ou marca com a EOS — não utiliza a infraestrutura EOS, não aceita tokens EOS, ignora qualquer vínculo e sequer agradeceu à EOS.

Para a comunidade EOS, isso foi visto como traição: a Block.one usou os recursos captados pela EOS para criar sua “nova paixão”, deixando a rede original para trás.

A reação foi rápida. No fim de 2021, a comunidade articulou um “fork” rebelde para romper completamente com o domínio da Block.one. A EOS Foundation liderou as negociações, sem avanço. Com apoio de 17 nós, a fundação retirou da Block.one o direito de governança. Em 2022, a EOS Network Foundation processou a Block.one por promessas não cumpridas no ecossistema; em 2023, passou a considerar um hard fork para isolar totalmente os ativos da Block.one e Bullish.

Para saber mais: “EOS Node Suspends Block.one: The Account’s Removal by Community Action.”

Após a separação, a comunidade EOS enfrentou anos de disputas judiciais por recursos do ICO, mas a Block.one manteve controle e propriedade integrais.

Para muitos membros da comunidade, a Bullish é vista menos como “novo projeto” e mais como símbolo de traição — um “novo amor” em busca de IPO, que trocou os ideais da comunidade pela dura realidade dos grandes negócios: vistoso, porém decepcionante.

Em 2025, a EOS foi oficialmente rebatizada para Vaulta, num esforço de romper com o passado, desenvolvendo uma plataforma bancária Web3 em sua blockchain e rebatizando o token para “A”.

Block.one: “Transbordando em Riqueza” — Mas Onde Foi Parar Todo Esse Dinheiro?

O ICO de US$ 4,2 bilhões da Block.one foi o maior da história das criptomoedas — um capital que, em tese, poderia sustentar o crescimento e o ecossistema da EOS por muitos anos. No entanto, quando desenvolvedores buscaram suporte, a Block.one ofereceu apenas US$ 50 mil, quantia insuficiente para dois meses de salários de um engenheiro no Vale do Silício.

“Onde foram parar os US$ 4,2 bilhões?”, questionaram os participantes do ecossistema.

Em 19 de março de 2019, BB revelou por e-mail aos acionistas que, até fevereiro daquele ano, a Block.one detinha US$ 3 bilhões em ativos (incluindo caixa e investimentos), sendo US$ 2,2 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA.

O destino dos US$ 4,2 bilhões? Em sua maior parte: US$ 2,2 bilhões em Treasuries (buscando estabilidade e retorno), 160 mil BTC e investimentos menores em ações ou aquisições (como a fracassada investida na Silvergate e o domínio Voice.com).

Pouca gente sabe que a Block.one, empresa fundadora da EOS, é hoje a maior detentora privada de bitcoin do planeta — com 160 mil BTC, superando a Tether em 40 mil moedas.


Fonte: bitcointreasuries

Com a cotação atual do bitcoin em US$ 117.200, essa reserva soma cerca de US$ 18,752 bilhões. Apenas com a valorização do BTC, a Block.one acumulou mais de US$ 14,5 bilhões — mais de 4,4 vezes o valor captado no ICO.

Do ponto de vista da gestão de caixa, a Block.one foi um case de sucesso — mais visionária até que a MicroStrategy e uma das equipes de projetos mais lucrativas de toda a indústria cripto. Mas seus lucros não vieram de “construir uma blockchain de ponta”, e sim de preservação de capital, valorização patrimonial e saídas estratégicas.

Esse quadro resume bem o paradoxo do universo cripto: no final, nem sempre são os mais inovadores ou idealistas que vencem, mas sim aqueles que dominam as regras do jogo, agem em conformidade e sabem proteger seu capital.

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